quinta-feira, 16 de abril de 2015

UNSPOKEN WORDS # A DRAWING MATTER - Biblioteca Municipal de Stª. Maria da Feira



- UNSPOKEN WORDS # A DRAWING MATTER - Biblioteca Municipal de Stª. Maria da Feira

- 21 Março a 7 Maio, 2015





UNSPOKEN WORDS # a drawing matter

A Exposição:

- A sala de exposições temporárias da Biblioteca Municipal é o espaço designado para mostrar um conjunto de obras de criação recente em diálogo com algumas de génese mais recuada.  O espaço disponível, dadas as suas características quanto à configuração e escala, num primeiro momento levou-me a ponderar sobre a selecção das obras. Não tendo intenções de programar uma intervenção site-specific, no “verdadeiro” tom da palavra, com levantamentos da toponímia arquitectónica do local, ou com estudos prévios riscados em planos e intervenção; o desenvolvimento da proposta inicial acabou por dar origem a uma certa posição antagónica, difícil de definir. Para melhor entendimento proponho vermos o âmago da questão, o desenho. O desenho no seu contexto actual e contemporâneo, as formas que assume e se manifesta, os seus limites. Desta forma, falar do processo que levou à concretização desta exposição, é falar do desenho; isto se pensarmos que na actualidade deixou de se considerar relevante aquilo que se representa ou se reconhece no desenho, para se realçar a importância do como é desenhado, do processo. No seguimento deste raciocínio, as obras a seleccionar estariam à partida marcadas quanto à sua especificidade conceptual. Abrangendo grande variedade de suportes, do papel ao cartão, da tela à madeira; e de técnicas ou meios, do simples lápis riscador, ao marcador, à lata de aerossol, do uso da luz néon, ao vídeo e à forma tridimensional; o desenho em manifesta pulsão.












Sobre a arte de Paulo Moreira
Sobre a arte de Paulo Moreira poder-se-ão dizer todas as aleivosias possíveis, como sempre acontece quando alguém rejeita seguir ditames, tendências ou modinhas efémeras e constrói, num misto de inconsciência e tenacidade, o seu próprio trilho. Menos uma: a de que a sua obra está contaminada com o vírus mortal do conformismo.
Perscrutemos os trabalhos aqui reunidos, sopesemos a contundência das imagens neles expressas e, no final, concluiremos invariavelmente quão próximas a arte e a vida podem afinal estar, como se assumissem um compromisso uno, à margem de todas as convenções.
Com uma diferença notória, porém. Se, na maioria dos casos, a passagem dos anos faz sucumbir os ideais pelos quais lutámos durante a juventude, engrossando deste modo o exército de desistentes, a arte de Paulo Moreira, pelo contrário, afirma-se cada vez mais livre e indomável.
Exemplos? A apropriação de símbolos associados a esferas mercantis ou narcotizantes, a saturação iconográfica 'ad nauseum' ou as frases protorevolucionárias, anunciando futuros pós-apocalípticos, são apenas alguns deles, extraídos aleatoriamente de uma lista quase interminável.
Mais do que uma forma de estar que contrasta com o carreirismo (e demais ismos) do atual circuito das artes plásticas, louve-se, sim, a energia primeva com que o artista se entrega a cada novo projeto.
Se “A arte é uma mentira”, título da sua última exposição na galeria Serpente, no Porto (2015 – março), tal não significa que se resvale para o niilismo de tudo recusar sem nada propor. Pelo contrário. A desejada rebelião faz-se da denúncia, numa primeira fase, mas também da ação, com que se encetam as ansiadas mudanças.
Paulo Moreira assimilou bem ambas.


Sérgio Almeida
(jornalista)



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