CONFIGURACIÓN y DISCURSIVIDAD en ARTE ACTUAL - del 24 Noviembre de 2010 al 9 Enero 2011 - SALA de EXPOSICIONES CENTRO, calle Federico de Mendizabal nº 2 , 2ª planta - Jaén (Andaluzia)
SEM FILTRO # JAEN - 2010
By Paulo Moreira
A indiferença asséptica de alguns mortais, não encontrará provavelmente uma visão apaziguadora do real nas obras de Paulo Moreira (1968), desprendidas de qualquer ideia de conformismo ou resignação. A primeira tentativa para escrever sobre a obra deste criador é colocar a mesma ao nível do autor, isto é, referir as inquietações que o motivam. O exercício de viver. Habitar no limiar da indisciplina – tal como as imagens, poderosas determinadas por um uso da vida mediado por uma lógica do corpo, dos seus vícios. Na possibilidade de múltiplos pensamentos povoarem o mesmo espaço de, coexistirem na mesma imagem, “existe uma zona – parafraseando Jean Cocteau – onde se vive a ilusão, onde se confunde o real com o que se pretendia o fosse; onde o real é a memória recorrente, esse tempo de eterno retorno a que se referia Octavio Paz.”1.
A bem que possamos voltar atrás no tempo; a uma altura pioneira no desenvolvimento das novas expressões artísticas que agora designam o panorama visual contemporâneo, das experiências poéticas de Tristan Tzara ou André Breton, seguindo até William S. Burrougs e Brion Gysin ou a tradição artística Americana legada após a década de 1980 até aos nossos dias; na tentativa de compreendermos o léxico de referenciais cruzados, aplicados frequentemente de forma eclética - denunciada pela diversidade de meios e suportes que o autor utiliza; repare-se que é contudo, o Desenho, enquanto disciplina de conceito alargado e transversal, o modo preferencial de abordagem na construção do ideário estético do artista.
A relação viva com a vida, o quotidiano básico, encontra campo fértil às formulações do pintor, espaço onde a palavra escrita prescreve parte do vocabulário visual, em exercícios linguísticos que de certa forma vêm reforçar estádios de agitação emocional no espectador. Sublinhe-se também, a estreita ligação do pintor à música, à literatura/poesia e às artes performativas, factor marcadamente vincado na sua obra através das performances que o próprio realiza quer sob o pseudónimo de Boris Fortuna, quer em conjunto com “O Sindicato do Credo” – colectivo de performances poéticas que o mesmo fundou.
Antónia Wollghemutt, Porto Outubro 2010
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